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quinta-feira, 19 de maio de 2011

É muito mais difícil

Em uma semana em que a minha atenção era roubada constantemente de tudo para uma única direção. Os discursos do Bolsonaro, a recente aprovação da união estável pelo STF, manifestações, reações... a eterna epopéia da PLC 122 no congresso. O discurso... o assustador discurso cristão em defesa de suas crenças e contra o puro e simples direito de existir de muitas pessoas. Por que é assim que eu vejo: direito de existir, de viver. Sei lá. Fiquei irritada, indignada, com muita raiva mesmo. Formulei teorias, argumentos, discursos, slogans, desenhos, cartazes. Alguns concretizados, outros não. Mas pensei tanto que acabei me saturando do meu próprio discurso. Tudo isso sem compartilhar com quase ninguém. Diferente de quase tudo que já fiz na vida. Mas, dessa vez igual a quase todo o resto que se passou, ficou pela metade. Saturado. Confuso. Sem rumo.
Tudo bem... isso nunca foi tão importante assim. O problema é realmente o meio do processo: A raiva, a indignação e tudo mais.

Céus, como é possível se sentir tanta raiva de uma idéia - e conseqüentemente de seus autores. (aqui, jogue PLC 122 no google imagens e leia os sites de referências. Entenderás)

Mas eis que quando a minha raiva já estava um pouco mais amena, mas ainda sem cessar a vontade de "fazer alguma coisa" - acho que isso vai me perseguir por toda a vida. Eis que um email institucional do Yahoo acabou me fazendo mergulhar um pouco mais no passado e, uma coisa levando à outra, cismei de encontrar um amigo antigo.
Me sinto até meio mal de falar disso, mas acho que preciso. Um amigo que já na época que convivíamos curtia pra caramba essas paradas de Drag Queen e tals. Eu convívia bem com isso. Como todas as coisas da minha vida que tive problemas em conviver, na época também tive que forçar uma "barrinha" comigo mesma pra ficar de boa. Mas, sério que achei que tinha superado tudo isso. Que agora já era um ser humano muito mais evoluído - por mais escrota que seja essa expressão aplicada dessa maneira. Pois é. Procurei a criatura com todos os meus recursos e não achei, nem nome, nem apelidos, nem personagens. Até que numa última tentativa achei um perfil com nome feminino, aparentemente de alguém transsexual. Isso com algumas, sutis, ma algumas informações que me levavam a crer que se tratava da mesma pessoa.
Bem... Adivinhem??! Aquilo foi... sei lá nem sei explicar. Sabe aquele sentimento de: "não, né? não deve ser". :S Aquele que alguns conhecem como preconceito. Ah, porra. Foi tipo, provação divina (credo, que vocabulário!). Mas e aí? O que isso tudo tem a ver com os pingüíns da patagônia?
Eu, do alto da minha arrogância de defensora dos direitos humanos e coisa e tal e daquela histeria toda da semana, fiquei chocada de achar que o meu amigo tinha colocado silicone.
Né?
É como se o mundo chegasse e me disse: Meu, vai com calma, que pra eles é muito mais difícil. É muito difícil quebrar um preconceito. É pior que um vício, sei lá. Talvez seja uma questão muito mais de "ajuda" do que de enfrentamento.

Sei que ainda tenho que amadurecer isso tudo... Mas, é foda, a essa altura do campeonato chegar a esse tipo de conclusão: confronto nunca foi a melhor maneira de convencer ninguém.

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