Páginas

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Olá, mundo!

Olá, mundo!

Comecemos este como se começam os posts tradicionalmente nessa tradição inventada na internet. Olá, mundo! Dizem que se não começar assim o programa, algo dará errado. Não lembro o que. De qualquer forma, não faço programas - no me gustam los códigos. Mas sinto que esse espaço é uma espécie de janela pra outros tempos. Engraçado que sempre me pareceu uma janela pro futuro. Uma informação que eu jogava prum futuro onde eu leria e tudo seria diferente. Pois bem, estou aqui no futuro e estou de fato lendo. E... bom, tudo está diferente.

Os sentimentos

Uma constante das minhas postagens nesse blog é o fato de eu quase sempre estar me sentindo muito mal quando eu escrevo nele. Não pro caso, pois válvula de escape e etc. Não estou bem agora. Mas as questões são muito mais externas do que internas. Falarei disso depois. Sobre sentimentos, mas também sobre tempo, o último post desse blog foi em 2014 e não foi publicado. Eu tinha acabado de sair de um emprego de uma forma bem bosta. Tava puta com o mundo, comigo, com tudo. Muito frustrada com questões profissionais. Mas eis que depois daquela demissão tudo mudou mesmo. Entrei no processo seletivo do mestrado da UnB e passei. Fiquei lá por dois anos com o Gabriel. Mestrado feito, namoro terminado, crise depressiva. E, como uma chuva que lava e renova, as coisas mudaram. Em mim mudaram. Muitos desafios, de fato, algumas coisas difíceis de levar adiante. Mas levei. Comecei esse ano com uma experiência de dois anos como professora universitária, trabalhando com gente massa, adorando meus alunos e várias coisas que essa vida traz. Além disso, tendo passado num concurso pra prof temporário no IFSC, no campus bilíngue. 40h, contrato de um ano. Sem largar o emprego anterior. O início de uma coisa muito nova e muito legal. Mas a vida tem dessas coisas... ela chega, roda viva e carrega o destino pra lá.

Vou fazer um P.S. no meio desse texto pra pontuar algo importante (TW transforbia): tudo estava naquele clima ali de cima mais ou menos até o carnaval desse ano. Mas antes disso um pouco - culminando na semana do carnaval - a Bruna, eu não sei o que aconteceu.. só sei que alguém atacou ela e uma amiga com faca. Ela ficou no hospital por semanas e acabou morrendo pouco antes do carnaval. Não vou explicar quem é a Bruna aqui, pq falo pra mim mesma e eu sei quem ela é. Sempre vou saber.

O tempo

Disse que esse blog sempre foi como uma janela pro futuro. Mas com minha atual saturação mental com as mudanças na mídia - que jogou os blogs pra escanteio e privilegia outras formas de distribuição de conteúdo. Algumas bem vis. - parece-me mais que estou me comunicando com o passado. Na verdade é quase como eu estivesse agora no ano de 2009, quando isso tudo aqui fazia sentido, por alguns minutos. E eu olho pra todos aqueles apontamentos de 2005, de 2009, de 2012, antes do grande divisor de águas que foi 2013, toda aquela angústia sobre "onde vamos parar" e posso dizer com certa tranquilidade: Aqui estamos no futuro e não está tudo bem. Mas lidamos melhor com isso.

Here we are in the future

E como que se estivesse realmente podendo falar com o passado, ou, quem sabe, com um futuro que não entenda o que aconteceu por aqui. De 2012 pra cá nós afundamos num caminho político bizarro de acensão do que identificávamos como direita, ou até, os mais exaltados, como fascismo. Em 2012 tivemos a primavera Arabe, Ocupy Wall Street, em 2013 o Brasil foi às ruas. Foi intenso, foi pesado, deu até um pouco de medo. Mas, do nada surgiu uma espécie de vírus ideológico estampado de verde amarelo. E tudo virou uma grande massa amorfa de gente q não sabia o q tava fazendo. Ta esquisito! - Pensamos. - Vai dar merda, vai morrer gente. - Morreu gente. -  O que essa gente ta falando, em golpe de estado? - Teve golpe de estado. E as instituições brasileiras seguiram em frente como se nada tivesse acontecido. Daí em diante foi um emaranhado de grande mídia tentando elevar a bola da direita moderada e transformar a esquerda em bicho papão - conseguiram - e de a extrema direita se se armar de estratégia tecnológicas e sociológicas pra disseminar pânico, ódio e teoria da  conspiração. Até que, ganharam as eleições e deram um pé na grande mídia. Estamos em 2020, e é uma gente bizarra e tosca no poder. Bizarra, sério, se eu fosse tentar explicar, vcs não acreditariam. (ah, os estados unidos tão no mesmo pé) Mas como desgraça pouca é bobagem, no fim de 2019 começou a espalhar mais um deses vírus que causa síndrome respiratória aguda grave & mata. Só que a desgrama do negócio é altamente contagiosa. Com isso aqui estamos no final de maio de 2020 no meio de uma pandemia de vírus que se transmite pelo ar e superfícies, com 27 mil mortos no país (fora o q não foi registrado) e subindo, cerca de 300 mil no mundo todo. Com um filho da puta do capeta, fascista, conspiracionista, incompetente e criminoso na presidência, como perdão da redundância, que faz tudo, tudo errado. Dias gomes não escreveria melhor. Mídia, instituições do judiciário e legislativo jogando xadrez de influência pq ninguém tem peito de chutar esse fdp q já loteou o ministério da saúde quase todo pra militares sem conhecimento na área. Conservador nos costumes, liberal na economia. Os caras já cagaram em tantas áreas q nem dá pra eu tentar explicar isso rapidamente.

Here we are in the future and it's wrong
Just a second ago, we were singing this song

Embora estejamos completamente saturados de informações ruins, acuados em casa (sim estamos numa quarentena mal feita), com todas as mazelas que a política brasileira já nos inflige normalmente (tipo crianças assassinadas pela polícia).. apesar desse sentimento apocalíptico, eu não sei dizer se estamos num dos piores momentos. Pq pandemia, já rolou, ditadura já rolaram algumas, a política tem esses ciclos (embora eu sempre pense na revolução Iraniana quando penso nessas coisas e tenha arrepios). A política tem esses ciclos.. a situação é muito bosta mesmo. Pq esse número de mortos deve se multiplicar algumas vezes antes que pare de subir. Muita gente vai morrer, talvez eu mesma ou gente próxima. É tipo estar sentado num trilho vendo o bonde andando em sua direção (com um liberal na manivela escolhendo entre vc e a vidraça de um banco). Enfim, depois disso vem crise econômica, fora não saber onde vai parar essa crise política. E também tem a crise ambiental, que ta meio de lado agora, mas que ta no limite de passar de um ponto irreversível. Bom.. FORA TUDO ISSO, eu acho que tem esperança sim. Vejo umas luzes aí... Umas fogueiras. Talvez incêndios em prédios. Mas não me arrisco a dizer nada por hora.
Eu não falei mas depois da crise depressiva, aliás aqueles anos entre 2014 e agora foram bizarros pra mim politicamente. Pq as forças que eu tinha pra brigar caíram demais. E ainda não voltaram completamente. Mas depois das crises a gente volta diferente, né. Arrisco a dizer que voltei melhor.

Hoje mais cedo a Naiara me disse que não tinha como ter esperança nesse país. Eu discordo, sabe.. tenhamos esperança. Esse fogo precisa acender. Pq a gente não pode ser tão pouco. 

And we never give up
No, we never give up on our friends
As long as one of us is standing to brandish the star

We'll find a way
To save the day
That's who we are!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

needed to find some peace of mind

estou estupidamente só.

de uma maneira que nunca antes percebi, desconectando-me das pessoas.-  pra ser sincera, talvez eu tenha percebido sim. pra ser mesmo sincera, talvez eu sempre tenha sentido isso. mas nem sempre eu gosto de ser sincera, então, talvez, seja uma boa opção. talvez. - 

talvez eu esteja fazendo um gigantesco drama. e, talvez, pela primeira vez na história, eu não me importe com isso. - talvez seja isso que chamam de maturidade.ou, quem sabe, não.

a maioria das pessoas ficou pra trás de alguma forma. distanciou-se de mim de algum modo diverso. o fato é  que resta, muito, muito, pouco que falar. - e isso causa um sério problema de relacionamento com as pessoas que, por algum motivo, não se distanciaram. acabam sobrecarregadas de expectativas que não deveriam estar só sobre elas. - sinceramente, nesse momento não faz a mínima diferença se isso acontece com todas as outras pessoas do mundo. - sinceramente, ainda espero.

se não há com quem falar, há de se falar com todos. e eis que falar com todos parece-me tão imaturo e aborrecido como nunca antes senti. falar indiretamente com quem não tenho vontade de falar diretamente não só não faz sentido como soa desagradável. - ou talvez seja só medo de não ter resposta.

sem pretensões de alcançar todo o mundo dessa vez. a densidade demográfica>cultural>informacional me consola. o mundo conectado não passa de um mais do mesmo enjoado, onde ecoam as mesmas informações superficiais e onde sete bilhões de consciências sofrem sozinhas. se sentir estúpido é um consolo... é se livrar do desespero de, apenas, pensar em tomar consciência disso tudo. embora ainda ache muito estranho que existam pessoas que nunca tenham sequer flertado com essa ideia. - entrando na roda do sistema para aliviar a pressão. 

a maioria das pessoas ficou pra trás de alguma forma. não faço a mínima ideia do que vai acontecer diante disso.

eu sou um passarinho cinza de costas pro mundo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

...

Não havia tempo. Não havia racionalidade que justificasse esperança. A porta e as janelas, maciças, gradeadas estavam cerradas. Do alto da torre, o cárcere não permitia romantismo. E mais camadas incontáveis de barreiras inertes ou vivas impediriam o resgate de chegar.
A dor do braço quebrado há dias - mais a fome - me cegava, retorcia o raciocínio. Mas, a despeito da incapacidade de reação, a mente tinha claro que não faria nenhuma diferença. Era nítido que nada poderia acontecer.

Barulho na grade da janela. Ele ultrapassou as barreiras, escalou a torre e planejava um modo de entrar. Um modo de me tirar dali em segurança. Como se não houvesse maneira de ser diferente.

A porta abriu. Outro golpe e dor de perder os sentidos. Despertei com seus braços tentando me levantar com cuidado. O guardava estava morto, tínhamos tempo. Sair daquela cela e atravessar toda a segurança, e a vila, e as terras menos povoadas ao redor sem ser visto até chegar em zona segura era racionalmente impossível.
A dor ainda bloqueava o meu raciocínio. Em algumas horas (dias?!) minha terra teria o seu rei de volta.

carisoprodol 125

Sinto raiva de pessoas que não se sentem mal de fazer coisas banais. Me enjoam as pessoas que não se importam. Gente que não se cobra, não sente culpa excessiva.
Agonia de gente que não revira as entranhas com pormenores.
Me sinto enjoadamente superior. Com enxaqueca, gastrite, dor na coluna, mas superior.

cafeína 30
diclofenaco sódico 50
paracetamol 300