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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

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Não havia tempo. Não havia racionalidade que justificasse esperança. A porta e as janelas, maciças, gradeadas estavam cerradas. Do alto da torre, o cárcere não permitia romantismo. E mais camadas incontáveis de barreiras inertes ou vivas impediriam o resgate de chegar.
A dor do braço quebrado há dias - mais a fome - me cegava, retorcia o raciocínio. Mas, a despeito da incapacidade de reação, a mente tinha claro que não faria nenhuma diferença. Era nítido que nada poderia acontecer.

Barulho na grade da janela. Ele ultrapassou as barreiras, escalou a torre e planejava um modo de entrar. Um modo de me tirar dali em segurança. Como se não houvesse maneira de ser diferente.

A porta abriu. Outro golpe e dor de perder os sentidos. Despertei com seus braços tentando me levantar com cuidado. O guardava estava morto, tínhamos tempo. Sair daquela cela e atravessar toda a segurança, e a vila, e as terras menos povoadas ao redor sem ser visto até chegar em zona segura era racionalmente impossível.
A dor ainda bloqueava o meu raciocínio. Em algumas horas (dias?!) minha terra teria o seu rei de volta.

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